segunda-feira, 11 de junho de 2007

um Reencontro

Um deserto. Um deserto e uma árvore a ser abraçada. Um deserto e uma árvore a ser abraçada por dez pessoas ou mais. Um deserto e uma árvore a ser abraçada por dez pessoas ou mais, aproximo-me dela. Um deserto e uma árvore a ser abraçada por dez pessoas ou mais, aproximo-me dela e percebo-me sozinha. Um deserto, e ninguém para me abraçar.

Adentro o vazio, pois é preciso desaprender.

Entro por um caminho escuro, um corredor, um túnel, um canudo talvez. Toco em suas paredes e sinto a sensação que me trazem: o medo de não conhecer o caminho, a ansiedade de percorrê-lo para encontrar o que procuro, a irrelevância de meus pensamentos sem ter um “procurar fixo”, afinal, a cada ponto de interrogação que se exclama uma nova questão me entorpece.
Aprofundo-me mais nesse breu com a intenção de chegar a algum lugar, e chego. Finalmente, uma luz no fim do túnel. Devagar, é necessário se acostumar com a claridade. Alguém precisa me dizer algo, algo precisa me dizer alguém.
Meus olhos entram em atividade novamente, “sinta cheiro de verde”, mas ainda estou no deserto. Folhas começam a cair, árvores nascem em acelerada velocidade da terra que antes era deserta, mas que agora é mato. Minha Nossa Senhora do Pérpetuo, socorro. Algo se aproxima me olha indiferentemente, mas me percebo ali, naquela minhoca, a sensação de conhecê-la há tanto tempo me deixa confortável.
- Você precisa sair desse buraco!
- É, eu preciso.
- E só você pode se ajudar.
- É, eu sei. Fica!
E ela se vai, indiferentemente se vai. Eu também vou, com lágrimas contidas nos olhos separadas por uma tênue linha que divide minha alegria de meu sofrimento.
Entro novamente no canudo, no labirinto, no túnel talvez. E não encontro a saída. Viro aqui, ali, faço a curva. Mas só vejo caminhos que teimosamente se bifurcam em outros, mas não dão onde devo chegar. Mas sei que é ali a minha eterna morada, para onde quer que eu vá, é para esse labirinto que eu vou voltar. É nesse buraco o meu local de encontro comigo, e é fora dele que me encontro com os outros.

3 comentários:

  1. Fantastic!! Decrever de forma poética nossas vivências, talves seja a forma mais lúcida de viver!!!

    Parabens amore, Bjus

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  2. Eu me recuso a tecer um comentário (falsamente, óbviamente, pois estou escrevendo um...)! Eu me recuso a dar opinão sobre algo que já É! E é! Só espero um dia, brilhantemente, como foi o teu, o meu reencontro com o camaleão...

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  3. E eu, espero um dia, brilhantemente, como foi o teu e como será o do Lolo, o meu reencontro com(igo) você de novo... E de novo... E de novo... E de novo...

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Ah, o doce gosto de sempre podermos opinar!